Mulheres e as eleições no Brasil 2022
- Rodrigo Caetano
- 28 de set. de 2022
- 2 min de leitura

Nos últimos anos sentimos emergir com mais clareza, dentro dos Grupos Focais*, um desejo por ver mais mulheres em cargos de gestão pública.
No auge da primeira onda da pandemia, dois perfis de candidatas eram desejáveis pelos eleitores. O primeiro buscava pela figura da mãe, firme, presente, correta e justa, numa espécie de transferência das atribuições patriarcais para as candidatas.
O segundo trazia o interesse do público feminino de se sentir representado. Nos grupos que realizamos em 2022 percebemos que as eleitoras estavam mais focadas no argumento da representatividade, na voz da igualdade de gêneros, que neste momento é bandeira de muitas campanhas Brasil afora.
Não é novidade que a política e os políticos estão muito desacreditados. A sucessão de escândalos tem sido protagonizada pelos homens e deixa as mulheres numa posição de reserva moral. Esse desgaste reflete nas discussões sobre o desempenho por gênero e, de certa forma, a imagem da mulher é associada a atitudes mais honestas e cuidadosas. É quando elas se destacam dos ambientes de poder que hoje são vistos como viciados.
Para quem se sente desamparado pelo estado e está carente de acolhimento, é recorrente o argumento "a mulher ouve mais" e "sabe dividir melhor os recursos, como faz em casa com seus filhos".
O apelo pela igualdade também é medido por outra régua: "não faz diferença se é homem ou mulher, o importante é saber trabalhar, ser capaz e competente para assumir o cargo".
Questões mais aprofundadas de gênero, que tratam das causas LGBTQI+ são abordadas nos grupos de forma ainda muito distante e permeadas por tabus. Quase nenhum discurso é engendrado nesse sentido e as opiniões são capturadas através dos silêncios.
*Um grupo focal reúne pessoas de um mesmo perfil social e cada um deles representa uma parcela da população característica do universo pesquisado. Um exemplo: homens e mulheres de determinada faixa etária, faixa de renda, grau de instrução, residentes numa capital do sudeste, em regiões e bairros distintos. Estas pessoas são escolhidas como representantes de uma parcela significativa da população e trazem pontos de vista que permitem uma análise mais amplificada da opinião de um perfil de público.
Ao serem convidadas para um grupo focal, cada uma delas passa pelo crivo de um questionário que filtra a sua participação sempre considerando os objetivos de cada projeto de pesquisa. Quem poderá nos trazer as respostas para as dúvidas que se apresentam neste projeto de pesquisa? A partir desta pergunta, desenhamos a amostra e buscamos com quem conversar.
Nesta eleição temos cerca de 67% de candidatos homens e 33% de candidatas mulheres, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na próxima semana veremos qual a porcentagem de mulheres eleitas entre os cinco cargos que vão levar os eleitores brasileiros às urnas.
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